segunda-feira, 14 de julho de 2008

Trabalho de Geografia

Tema 1: Vulcanismo
O aluno que desenvolver este tema terá como principal objetivo demonstrar que o vulcanismo é um fenômeno que, apesar de ser geralmente associado a tragédias, pode oferecer grandes benefícios às áreas onde ocorre.

Tema 2: Terremotos
O aluno que desenvolver este tema terá como principal objetivo demonstrar que as consequências dos terremotos afetam os grupos populacionais de forma distinta em função do grau de desenvolvimento do lugar atingido.

~Estrutura do Trabalho:
A estruturação do trabalho é livre. O aluno deverá criar uma estrutura de apresentação a partir dos resultados de sua pesquisa, buscando a melhor maneira de alcançar o objetivo proposto no item "Tema".

~Formatação:
O trabalho deverá ter, no máximo, cinco páginas (A4), em fonte Times New Roman 12 ou outra fonte, em tamanho equivalente. Não serão aceitos trabalhos sem ilustrações (mapas, gráficos, fotografias, etc.) e bibliografia (inclusive de fontes consultadas na internet). Sugere-se a anexação de reportagens de jornais e revistas, inseridas no corpo do trabalho, como forma de enriquecimento da pesquisa e de demonstração da ocorrência do fenômeno pesquisado em escalas diversas no planeta.

~Entrega:
O trabalho deverá ser entrege na primeira semana de aula após o recesso. Trabalhos recebidos posteriormente valerão, no máximo, 1,5 pontos.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

História

Caros alunos,
Segue em anexo o arquivo com a nova apostila com o conteúdo para o 2º trimestre. Para as turmas de 5ª feira (1105, 2108 e 2110), que não terão aula nesta quinta em função da realização do COC, estou encaminhando as seguintes questões para serem respondidas em relação às últimas folhas da primeira apostila:
A) página nº 6 (África):
- Pelo 1º texto, em qual período ocorre um grande desenvolvimento das sociedades africanas?
Que exemplos podemos tirar do texto?
- Que elementos de mudança podemos perceber com a chegada dos portugueses?
- A partir da leitura do 2º texto, destaque as diferenças entre a escravidão ocidental e a praticada na ÁFrica.
B) página 7 (Sociedades ameríndias):
- Analisando os textos, que semelhanças podemos perceber na organização dos astecas e dos incas?

------------------------------------------------------------------

COLÉGIO PEDRO II - UNIDADE SÃO CRISTÓVÃO III

História - 2008 – 1ª Série do Ensino Médio – Turmas: 1105, 1107, 1109, 2108, 2110 e MA21

Prof. Albano Teixeira - Coord. Prof. Paulo Seabra

ANTIGO SISTEMA COLONIAL OU PACTO COLONIAL (XV – XIX)

“As colônias não podem esquecer jamais o que devem à mãe-pátria pela prosperidade de que desfrutam. Devem, por conseqüência: dar à metrópole maior mercado a seus produtos; dar ocupação ao maior número de seus manufatureiros, artesãos e marinheiros; fornecer-lhes uma maior quantidade dos artigos que ela precisa.”

(POSTLETHWAYT. Os interesses comerciais britânicos explicados, 1747)

“Seja como for, a expressão ‘plantation escravista’ evoca uma propriedade rural relativamente extensa, cujas características principais seriam: 1) dedicar-se prioritariamente e em escala importante a atividades agrícolas ou agro-industriais de exportação; 2) possuir uma mão-de-obra escrava abundante; 3) apresentar um nível importante de investimentos; 4) dispor dos seus produtos no grande comércio oceânico (enquanto os mercados das haciendas eram majoritariamente locais, regionais ou intercoloniais).

(...) estruturalmente, incluía pelo menos dois setores agrícolas articulados: um sistema escravista dominante, produtor de mercadorias destinadas aos mercados europeus; e um sistema camponês produtor de alimentos, subordinado ao primeiro, exercido pelos próprios escravos através do seu trabalho autônomo em lotes dados em usufruto, e eventualmente por outros tipos de trabalhadores.”

(CARDOSO, Ciro F. S. .A Afro-América: a escravidão no novo mundo. São Paulo, Editora Brasiliense S. A., 1982, 1ª ed., p.32)

“ (o estabelecimento de uma empresa de caráter essencialmente econômico) Havia sido utilizada por Dom Henrique, o Navegador, na ocupação dos arquipélagos atlânticos, particularmente na ilha da Madeira, com a distribuição de terras conforme a legislação portuguesa das sesmarias, o estabelecimento de capitães-donatários, conforme a prática feudal portuguesa. (...), a Madeira serviu como um campo experimental, tanto para a política como para a economia colonial portuguesa, com a adaptação para o costume luso de práticas aprendidas com os genoveses, que a empregavam no Oriente.”

O plantio da cana, o fabrico do açúcar, já eram práticas conhecidas dos portugueses e no Algarve (sul de Portugal) produzia-se açúcar desde o século XIII. (...) Só com a decisão do Infante navegador de trazer canas da Sicília e montar um engenho real, movido a água, na Madeira, por volta de 1452, é que a atividade começa a tomar o vulto de grande empresa, providenciando-se, através de razzias nas ilhas Canárias, escravos para trabalhar na terra e no fabrico do açúcar . Com melhoria técnica (...) e o afluxo constante de escravos, a produção de açúcar avoluma-se, chegando a atingir 130 mil arrobas (1 arroba tem cerca de 15 quilos), no reinado de Dom Manuel.”

(SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. In: História Geral do Brasil, Editora Campus Ltda. 1990, p. 27)

COLÉGIO PEDRO II - UNIDADE SÃO CRISTÓVÃO III

História - 2008 – 1ª Série do Ensino Médio – Turmas: 1105, 1107, 1109, 2108, 2110 e MA21

Prof. Albano Teixeira - Coord. Prof. Paulo Seabra

O IMPACTO DA CONQUISTA SOBRE AS POPULAÇÕES INDÍGENAS

“(...) Aceita-se para o conjunto do continente americano, no final do século XV, uma população indígena de aproximadamente cem milhões de pessoas. A distribuição deste contingente considerável era, no entanto, bastante heterogênea, e foi assim sintetizada por Pierre Chaunu:

1) uma zona nuclear do povoamento indígena, descontínua, compreendia uns dois milhões de quilômetros quadrados (5% da superfície das Américas somente), mas continha 90% da população, sendo a densidade de 35 a 40 habitantes por quilometro quadrado: ilha de São Domingos, terras altas do México central, possivelmente uma parte do país maia, o território dos chibchas (na atual Colômbia), os Andes centrais;

2) uma zona também de dois milhões de quilômetros quadrados – o país maia com seus planaltos e planícies, no sul do México e em parte da atual América Central – apresentava uma densidade de 2 a 5 habitantes por quilometro quadrado;

3) por fim, todo o resto do continente – 35 milhões de quilômetros quadrados, ou 90% da superfície – apresentava densidades populacionais muito baixas.

A primeira zona era a da agricultura intensiva do milho (Meso-América, Andes), da batata (Andes) e em um caso (São Domingos) da mandioca e da batata-doce, agricultura esta às vezes associada a técnicas variadas de irrigação e cultivo em terraços, configurando um excedente agrícola que permitiu em certos casos – Meso-América, Zona Andina central – o surgimento de impérios baseados no tributo em trabalho e em produtos (Império Asteca) ou simplesmente em trabalho (Império Inca) e, em outros casos, a constituição de confederações tribais bastantes sofisticadas (ilha de são Domingos, chibchas).

A segunda zona caracterizava-se por uma agricultura itinerante do milho, segundo o sistema de coivara, e deu lugar a uma organização em cidades-estados cuja associação em unidades maiores foi sempre efêmera e instável, embora em escala menor reproduzisse os circuitos tributários presentes na zona nuclear do povoamento pré-colombiano.

A terceira e última zona – de longe majoritária em extensão, mas concentrando uma parte ínfima da população – era a dos caçadores - coletores e pescadores, que às vezes já conheciam subsidiariamente a agricultura.”

(CARDOSO, Ciro F. S. .O trabalho na América Latina colonial. São Paulo, Editora Ática S. A., 1995, 3ª ed., p. 13)

"O almirante Colombo encontrou, quando descobriu esta ilha Hispaniola, um milhão de índios e índias (...) dos quais, e dos que nasceram desde então, não creio que estejam vivos, no presente ano de 1535, quinhentos, incluindo tanto crianças como adultos, que sejam naturais, legítimos e da raça dos primeiros índios. (...) Alguns fizeram esses índios trabalhar excessivamente. Outros não lhes deram nada para comer como bem lhes convinha. Além disso, as pessoas desta região são naturalmente inúteis, corruptas, de pouco trabalho, melancólicas, covardes, sujas, de má condição, mentirosas, sem constância e firmeza (...) Vários índios, por prazer e passatempo, deixaram-se morrer com veneno para não trabalhar. Outros se enforcaram pelas próprias mãos. E quanto aos outros, tais doenças os atingiram que em pouco tempo morreram (...) Quanto a mim, eu acreditaria antes que Nosso Senhor permitiu, devido aos grandes, enormes e abomináveis pecados dessas pessoas selvagens, rústicas e animalescas, que fossem eliminadas e banidas da superfície terrestre(...)"

( Extraído de: Gonzalo Fernandes de Oviedo. L’Histoire des Indes, 1555. Em: Ruggiero Romano. Mecanismos da conquista colonial. São Paulo, Perspectiva, 1973, p. 76.)

COLÉGIO PEDRO II - UNIDADE SÃO CRISTÓVÃO III

História - 2008 – 1ª Série do Ensino Médio – Turmas: 1105, 1107, 1109, 2108, 2110 e MA21

Prof. Albano Teixeira - Coord. Prof. Paulo Seabra

A COLONIZAÇÃO ESPANHOLA

" A colonização espanhola iniciou-se em 1494, na Ilha de São Domingos ( onde se encontram os atuais Haiti e República Dominicana ), a partir da segunda viagem de Colombo. Conquistou as áreas de maior concentração populacional indígena, com cultura mais avançada e já conhecedora da metalurgia de ouro e prata.

Entre 1519 a 1540 teve o principal de seu império colonial conquistado ( Cortez na conquista da Confederação Asteca e Pizarro, com o Império Inca ).

Um quinto de todas as riquezas ficava com o rei da Espanha. Para melhor controlar as atividades econômicas e dar mais proteção a elas, o rei as dividiu em quatro vice-reinados (de Nova Espanha, de Nova Granada, do Peru e do Rio da Prata) e em quatro capitanias (de Cuba, da Guatemala, de Venezuela, do Chile). Os vice-reinados eram as áreas mais ricas. Os vice-reis e os chefes das capitanias eram nomeados pelo rei espanhol.

Para evitar que os colonos e os comerciantes roubassem o rei e para evitar que outros europeus viessem retirar riquezas, ficou determinado que só duas frotas poderiam vir, por ano, para as colônias americanas. Essas frotas só deveriam atracar em determinados portos. Ou seja, a Espanha através desse sistema realizava um monopólio comercial com suas colônias.

A principal atividade na América Espanhola era a mineração. Como todas as terras eram do rei, inclusive as minas, ele cedia parcelas à espanhóis que queriam explorá-las. Isso se chamava encomienda.

Junto com a terra era concedido o poder sobre todos os índios que nela habitassem. Eles tinham que trabalhar onde os colonos espanhóis determinassem.”

“Na primeira etapa da presença espanhola – a da conquista, (...) – predominaram como formas de utilização da força de trabalho dos índios a escravidão indígena e a encomienda. (...) Os encomenderos formavam um reduzido grupo de privilegiados: das 23.000 famílias espanholas que viviam nos domínios hispânicos do Novo Mundo em 1570, 4.000 apenas dispunham de encomiendas. O regime de encomiendas, (...) começou aliás a declinar, (...) exatamente a partir de 1570.

Desde então, a evolução se deu (...) sendo o trabalho para os europeus realizado por equipes de indígenas que lhes eram ‘repartidos’ pelas autoridades por um tempo limitado, ao fim do qual eram substituídas por novas equipes (repartimiento de indios), sistema que também foi usado no Brasil, constituindo no Pará um dos esteios da economia colonial – a outras modalidades que recrutavam a mão-de-obra de preferência entre os índios que já haviam abandonado suas comunidades e entre os mestiços, cada vez mais numerosos.”

“(...) no Brasil, ela ( a escravidão dos índios) foi predominante até aproximadamente 1620, sem deixar então de ser central em áreas como São Paulo e Amazônia até a sua abolição definitiva em meados do século XVIII.”

(CARDOSO, Ciro F. S. .O trabalho na América Latina colonial. São Paulo, Editora Ática S. A., 1995, 3ª ed., p. 40-41)

“A lógica do sistema colonial também levava a que a maior parte da população da América Latina não tivesse poder aquisitivo suficiente para a compra dos produtos importados da Europa, Espanha e Portugal não estavam, aliás, em condições de abastecer adequadamente os seus impérios. Os fretes marítimos caros e a lentidão e ineficiência dos transportes terrestres protegiam as produções das colônias contra a concorrência européia, sobretudo nas regiões interiores e nos núcleos coloniais situados do lado do Oceano Pacífico. No caso da construção naval, os custos mais baixos e certas considerações estratégicas tornaram-na conveniente, às vezes, na América.

(...) Assim, os produtos eram na sua maioria grosseiros e de qualidade inferior.”

(CARDOSO, Ciro F. S. .O trabalho na América Latina colonial. São Paulo, Editora Ática S. A., 1995, 3ª ed., p. 63)

COLÉGIO PEDRO II - UNIDADE SÃO CRISTÓVÃO III

História - 2008 – 1ª Série do Ensino Médio – Turmas: 1105, 1107, 1109, 2108, 2110 e MA21

Prof. Albano Teixeira - Coord. Prof. Paulo Seabra

A COLONIZAÇÃO INGLESA

“Esse o começo. De 1607 a 1760 o aspecto da faixa de terra de propriedade da Inglaterra mudou. A vastidão selvagem transformou-se num país cheio de vitalidade, ativo, próspero, com um milhão e meio de habitantes. Aí estavam fazendas, cidades, vilas; as picadas abertas pelos índios tornaram-se estradas, o oceano e os rios já não eram mais as únicas ligações entre as colônias. Embora nove décimos do povo fossem lavradores, sempre estava em desenvolvimento a indústria domiciliar, e agora começava a manufatura em grande escala. Os navios, com os porões a estourar de matéria-prima tirada de um país novo, partiam de vários portos, para diversos mares; as 13 colônias já estavam fazendo mais negócios com o estrangeiro, que alguns países da Europa.

Mas não tinha sido fácil. Os ingleses, holandeses, irlando-escoceses, franceses, alemães e suecos tinham finalmente vencido – em troca de um preço terrível. Muitos dos que ousaram empreender a horrível travessia nunca chegaram a vê-lo. Mas morreram.”

(HUBERMAN, Leo. História da riqueza dos EUA (nós, o povo). São Paulo. Brasiliense, 1987, p. 29)

“Muito já se discutiu a respeito do self-government, isto é, da autonomia política que as colônias inglesas praticaram. E, o que mais chama a atenção é a ‘negligência salutar’, dos ingleses em relação às suas colônias americanas.

Na realidade, não é difícil entender os dois aspectos. O primeiro se explica pelo espírito autônomo que os colonos traziam consigo. O segundo, pela pouca importância econômica que estas colônias possuíam. A Inglaterra estava mais interessada em outras regiões, como as colônias do Caribe, dispensando pouca atenção às treze colônias”

(FARIA, Ricardo de moura, MARQUES, Adhemar Martins & BERUTTI, Flávio Costa. História 3. Belo Horizonte, Lê, 1989, p. 70-71.)

“Dos vários milhões de pessoas que chegaram às colônias fundadas pelos ingleses na América do Norte antes de 1776, calcula-se que perto de 80 por cento figuravam numa categoria qualquer de servidão. As condições de servidão, é claro, variavam consideravelmente. Iam desde o (...) imigrante europeu que pagava o preço da passagem com um período de servidão nas colônias, até o homem que era capturado e vendido como escravo a um senhor, que o tinha em seu poder por toda a vida.

(...) Acredita-se que, em certa época, mais da metade dos responsáveis pela administração da colônia da Vírginia era formada por indivíduos que tinham vindo para a América na condição de servos por contrato.”

(GINZBERG, Eli e EICHNER, Alfred S. A Presença Inquietante (A Democracia Norte-Americana e o Negro). Rio de Janeiro, Edições O Cruzeiro, 1968, p. 22-32)

COLÉGIO PEDRO II - UNIDADE SÃO CRISTÓVÃO III

História - 2008 – 1ª Série do Ensino Médio – Turmas: 1105, 1107, 1109, 2108, 2110 e MA21

Prof. Albano Teixeira - Coord. Prof. Paulo Seabra

A COLONIZAÇÃO PORTUGUESA : A POSSE DA TERRA (SÉCULO XVI)

“Bretoa, nau mercante sob o comando de Cristóvão Pires, acaba de chegar a Lisboa. Entre os vários comerciantes que participaram da viagem havia alguns ilustres, como Fernão de Noronha, Bartolomeu Marchione, Benedetto Morelli e Francisco Martins. Segundo relato de alguns tripulantes, quase toda a carga foi obtida na feitoria de Cabo Frio e constituiu-se de milhares de toras de pau-brasil, dezenas de índios escravizados e animais tropicais, como papagaios, tuins e saguis.

O pau-brasil, cotado a mais de 20 soldos o cento, representa a carga mais valiosa. (...) Até recentemente o pau-brasil era importado do Oriente.

A obtenção diretamente do Brasil permitirá grande concentração de divisas em Portugal, pois cerca de 1/5 de toda a carga irá para os cofres reais.”

(adaptado de VICENTINO, Cláudio. In: História Memória Viva: Brasil – Período Colonial e Independência, São Paulo, Scipione, 1994, p. 39.)

“Diante da insistente investida dos piratas às novas terras conquistadas por Portugal, a Coroa viu-se obrigada a ocupá-las, sob pena de perdê-las para outras nações.”

(COSTA, Luís César Amad & MELLO, Leonel Itaussu ª . In: História do Brasil , São Paulo, Scipione, 1990, p. 32.)

“Colonizar o Brasil para quê? Esta pergunta nos fazemos hoje, passados 400 anos. Não havia, naquela época, qualquer necessidade de fazê-la, pois todos sabiam a resposta: para produzir algo que desse lucro. Ora naquela infância do capitalismo, só havia uma forma de lucrar: vender, vender e vender. As colônias eram, por definição, produtoras de artigos agrícolas para o comércio europeu.”

(SANTOS, Joel Rufino dos. In: História do Brasil, São Paulo, Marco Editorial, 1979, p. 19.)

“(...) Porém, só em 1530, patenteada a crise do Império, Portugal envia uma expedição visando realmente à ocupação da nova terra. A expedição, sob o comando de Martim Afonso de Souza (...) deveria expulsar os corsários, explorar o litoral até até o rio da Prata, em busca de metais preciosos e fundar o primeiro núcleo colonial. Assim, em 1532 fundou no litoral do atual Estado de São Paulo a vila de São Vicente. Este núcleo se estendeu, mais tarde, no interior, pelo planalto de Piratininga, onde João Ramalho, um português aculturado entre os índios, fundou Santo André da Borda do Campo, dando um impulso firme à obra de colonização, acentuada pela fundação de Santos, um pouco mais tarde pelo escudeiro de Martim Afonso, Brás Cubas.”

(SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. In: História Geral do Brasil, Editora Campus Ltda. 1990, p. 27)

“Já em 1532, Martim Afonso de Sousa criou o primeiro engenho no Brasil, distribuindo terras para que os colonos plantassem cana.

Em menos de 20 anos, as plantações de cana foram se espalhando por um vasta faixa de terra no litoral do Brasil. No Nordeste, especialmente em Pernambuco, a cana encontrou ótimas condições de solo e clima. Logo, nessa região, se instalaram centenas de fazendas e dezenas de engenhos."

( Adaptado de FERREIRA, José Roberto Martins. In: História 6. Editora FTD. São Paulo. 1997. Pg. 131)

“A partir da metade do século XVI a produção portuguesa de açúcar passa a ser mais e mais uma empresa em comum com os flamengos, inicialmente representados pelos interesses de Antuérpia e em seguida pelos de Amsterdã. A contribuição dos flamengos (...) para a grande expansão do mercado do açúcar, na segunda metade do século XVI, constitui um fator fundamental do êxito da colonização do Brasil”

(FURTADO, Celso. In: Formação econômica do Brasil)

“Todos na sala da casa-grande permaneceram em silêncio, enquanto D. Luís proferia a oração ritual de agradecimento pela comida. como havia muita gente, mesas menores tinham sido postas na sala, para que todo mundo pudesse sentar-se; mas as atenções se voltavam para a grande mesa central, onde o senhor ocupava a cabeceira. Como as outras, a mesa principal estava ornada de belas toalhas de renda da Madeira. Porcelanas da China, cuidadosamente guardadas para essas ocasiões, davam brilho ao banquete. As mulheres postavam do lado direito, ficando as senhoras próximo de D. Luís, e as sinhazinhas na borda mais afastada. Do lado esquerdo, os senhores, e depois os rapazes.”

(Luis Alexandre Teixeira Júnior, O Engenho Colonial)

“Chama-se feitor, na roça, o encarregado pelo proprietário de fiscalizar o cultivo das terras, a alimentação dos escravos e a disciplina que deve reinar entre estes; essas funções dão-lhe o direito de castigá-los.

Os vícios punidos são: a embriaguez, o roubo e a fuga; a preguiça é castigada a qualquer momento com chicotadas ou bofetões distribuídos de passagem. (...)

Quando um feitor desconfia do carrasco, faz colocar atrás dele um segundo escravo, igualmente armado de chicote, para agir quando necessário, e, levando mais longe ainda suas precauções tirânicas, coloca-se ele próprio em terceiro lugar, para castigar o fiscal no caso em que este não cumpra seu dever com bastante severidade.

As duas tiras de couro da ponta do chicote arrancam, no primeiro golpe, a epiderme, tornando o castigo mais doloroso; este é em geral, de doze a trinta chicotadas, depois das quais se torna necessário lavar a chaga com pimenta-do-reino e vinagre, para cauterizar as carnes e evitar a putrefação, tão rápida num clima quente.”

(DEBRET, Jean - Baptiste. In: Viagem pitoresca e histórica ao Brasil.)

COLÉGIO PEDRO II - UNIDADE SÃO CRISTÓVÃO III

História - 2008 – 1ª Série do Ensino Médio – Turmas: 1105, 1107, 1109, 2108, 2110 e MA21

Prof. Albano Teixeira - Coord. Prof. Paulo Seabra

A AÇÃO SOBRE AS POPULAÇÕES INDÍGENAS

“(...) Porque a principal causa que me moveu a mandar povoar as ditas terras do Brasil, foi para que a gente dela se convertesse à nossa santa fé católica, vos encomendo muito que pratiques com os ditos capitães e oficiais a melhor maneira que para isso se pode Ter; e de minha parte lhes direis que lhes agradecerei muito terem especial cuidado de os provocar a serem cristãos: e, para eles mais folgarem de o ser, tratem bem todos os que forem de paz, e os favoreçam sempre, e não consintam que lhes seja feita opressão nem agravo algum; (...)”

(D. João III, 1549)

“(...) Este gentio é de qualidade que não se quer por bem, senão por temor e sujeição, como se tem experimentado e por isso se S.A. os quer ver todos convertidos mande-os sujeitar e deve fazer estender os cristãos pela terra dentro e repartir-lhes o serviço dos índios àqueles que os ajudarem a conquistar e senhorear em outras partes de terras novas (...)

A lei, que lhes hão de dar, é defender-lhes comer carne humana e guerrear sem licença do governador; fazer-lhes Ter uma só mulher, vestirem-se pois têm muito algodão, ao menos depois de cristãos, tirar-lhes os feiticeiros, manter-lhes em justiça entre si e para com os cristãos; fazê-los viver quietos sem se mudarem para outra parte, se não for para entre cristãos, tendo terras repartidas que lhes bastem e com estes padres da Companhia para os doutrinarem(...)”

(NÓBREGA, Manuel de. Cartas do Brasil ao padre Miguel de Torres, 8 de maio de 1558,p. 280-1, apud Baeta Neves, 1983, p. 69)

“Em 20 de março de 1570 tinha sido promulgada em Portugal uma lei proibindo o cativeiro dos índios (...) com exceção dos que fossem tomados em justa guerra(...).”

(J. Mendes Jr., Os indígenas do Brasil, p. 29)

“De 1554 a 1567 os indígenas do tronco tupi, de várias regiões do litoral sudeste da colônia ( Rio de Janeiro, Angra dos Reis e Ubatuba ) e os não- tupi, como os Goitacá e os Aimoré, habitantes do interior, junto da Serra do Mar, aliaram-se para combater a escravidão imposta pelos portugueses, entre João Ramalho e Brás Cubas, este último governador da capitania de São Vicente.

Essa aliança dos nativos (...) foi chamada de Confederação dos ‘Tamuya’, que, em Tupinambá, significa ‘o mais velho’, pois a primeira reunião ocorreu entre os chefes dessas nações. De um lado, os Tamoio contaram com o apoio dos franceses, que tinham interesse em combater os portugueses, uma vez que desejavam explorar o pau-brasil e instalar uma colônia no litoral. De outro, os portugueses se aliaram às nações Guaianá, Temiminó e Carijó para combater os Tamoio.

Os Tamoio venceram várias batalhas, chegaram a tomar a capitania do Espírito Santo e a ameaçar a de São Paulo. Mas foram vencidos na aldeia de Uruçumirim ( atualmente Rio de Janeiro ), onde foram mortos pelas tropas portuguesas e seus aliados indígenas.”

COLÉGIO PEDRO II - UNIDADE SÃO CRISTÓVÃO III

História - 2008 – 1ª Série do Ensino Médio – Turmas: 1105, 1107, 1109, 2108, 2110 e MA21

Prof. Albano Teixeira - Coord. Prof. Paulo Seabra

A ADMINISTRAÇÃO COLONIAL PORTUGUESA

"Repetindo de forma ampliada o que já se fizera na colonização das ilhas dos Açores e da Madeira, o Rei D. João III decidiu dividir o Brasil em capitanias hereditárias: grandes faixas lineares dispostas no sentido latitudinal, que iam da costa até a linha do Tratado de Tordesilhas, doadas aos capitães-mores mediante um documento chamado 'carta de doação'. Esses capitães - os donatários -, que recebiam título de governadores de suas posses, mantinham sobre elas poderes soberanos, estando apenas proibidos de vendê-las ou subdividi-las. As capitanias diziam-se hereditárias porque eram transmissíveis aos herdeiros dos donatários."

( Adaptado de CONHECER. Volume X. Editora Abril Cultural Ltda. São Paulo. 1969. Pg. 2446)

“O Governador-geral e seus auxiliares diretos, como o ouvidor-mor (responsável pela aplicação da justiça em toda a colônia), o provedor-mor (responsável pela cobrança de impostos e provimentos de cargos) e o capitão-mor (responsável pela defesa da terra), nomeados diretamente pela Coroa, eram os responsáveis pela execução da política metropolitana (de Portugal) que nesse momento passava a coordenar as iniciativas do povoamento produtivo bem como a defesa da terra.”

“A atuação da Câmara não era pequena. Ao contrário do que sucede hoje, ela decidia sobre a administração do município, desde abastecimento, salários, impostos, até decisões sobre guerra ou paz com os indígenas. Nem sempre ela seguia as determinações ditadas de Portugal, até pelo menos o século XVIII.

A titulo de exemplo, basta citar o caso da Câmara de São Paulo que, em 1640, expulsou os padres jesuítas, devido aos constantes atritos entre eles e os bandeirantes no trato com os indígenas. os padres permaneceram fora da capitania por doze anos, sem que nenhuma autoridade metropolitana (representante dos interesses de Portugal) os socorresse.”

(adaptado de nadai, Elza e Neves, Joana; História do Brasil - Da Colônia à Republica; Ed. Saraiva; 1990)

COLÉGIO PEDRO II - UNIDADE SÃO CRISTÓVÃO III

História - 2008 – 1ª Série do Ensino Médio – Turmas: 1105, 1107, 1109, 2108, 2110 e MA21

Prof. Albano Teixeira - Coord. Prof. Paulo Seabra

A UNIÃO IBÉRICA E A INVASÃO HOLANDESA (FINAL DO SÉCULO XVI – 1ª DÉCADA DO SÉCULO XVII)

“Na mesma época, Portugal atravessa uma grave crise nacional, com a morte do jovem rei, Dom Sebastião, o Desejado, na batalha de Alcácer Quibir, em 1578. Substituído pelo seu velho tio, o cardeal Dom Henrique, por apenas dois anos, o trono é declarado vago e, após alguma hesitação, a nobreza e a grande burguesia aclamam Filipe II de Espanha, da casa de Habsburgo, como monarca português.

A União Ibérica (1580 – 1640), realizada pelos Habsburgo de Espanha, fora um velho sonho de Dom Manuel I, que se enredara em sucessivos casamentos com parentes de Carlos V, tendo portanto laços de sangue estreitos com Filipe II. Entretanto, a crise do Império do Oriente, onde os portugueses estavam sendo suplantados por outras nações, a ânsia da burguesia mercantil lusa em Ter maior acesso ao mercado espanhol na América (escravos e alimentos em troca de prata), além das profundas ligações da nobreza lusa com a espanhola, pesaram como fatores determinantes para aceitação de Filipe II.”

“A união das duas coroas permitiu, na prática, a desaparição do meridiano de Tordesilhas, e a ampla penetração dos desbravadores em território originariamente castelhano, seguindo, principalmente, o rio Amazonas e abrindo os sertões do Brasil central, em direção a Goiás e Mato Grosso. Ao mesmo tempo, é franqueado, de forma mais ou menos legal, o comércio com Buenos Aires e com o Peru, suprindo os portugueses com ‘reales’ de prata”.

“ A união de Portugal com a Espanha provocou, entrementes, o rompimento dos laços existentes entre portugueses e holandeses. A república das Províncias Unidas, desde sua independência dos Habsburgo, mantinha, abertamente ou não, uma intensa guerra de corso contra a Espanha. Ao contrário, com Portugal as relações eram, no mais das vezes, cordiais: grandes capitais flamengos, como o dos banqueiros Schetz, eram investidos nos engenhos de açúcar e exerciam um quase monopólio na distribuição e refino deste produto para o resto da Europa.”

“os holandeses, prejudicados nos seus interesses investidos no Brasil, organizam uma Companhia das Índias Ocidentais, em 1621, com a finalidade de implantar uma colônia na América do Sul.”

“A primeira tentativa dá-se em 1624, (...) Em 1630 os holandeses retornam, com uma poderosíssima esquadra, em parte financiada pelo saque de uma frota espanhola carregada de prata, nas costas de Cuba. O alvo do ataque é Pernambuco: Olinda e Recife são tomadas. A partir desta base, os holandeses alargam suas conquistas, para o norte e para o sul, dominando quase todo o Nordeste, à exceção da Bahia.

Decididos a fomentar, ainda mais, a agromanufatura açucareira, decidem ocupar a África portuguesa, capturando Angola. Tal ação desarticula profundamente as atividades econômicas em toda a Colônia,”

“A paz com a Holanda é difícil e lenta, obrigando os colonos, partindo do Rio de Janeiro, a reconquistar Angola, restaurando o fluxo de tráfico negreiro. Por fim, a guerra de Olivier Cromwell contra as Províncias Unidas, bloqueadas no mar do Norte, permite a rendição dos batavos em Pernambuco, em 1654.”

(SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. In: História Geral do Brasil, Editora Campus Ltda. 1990, p. 41 - 45)

COLÉGIO PEDRO II - UNIDADE SÃO CRISTÓVÃO III

História - 2008 – 1ª Série do Ensino Médio – Turmas: 1105, 1107, 1109, 2108, 2110 e MA21

Prof. Albano Teixeira - Coord. Prof. Paulo Seabra

A RESTAURAÇÃO, A DIVERSIFICAÇÃO ECONÔMICA E A INTERIORIZAÇÃO DA COLÔNIA

“(...) O período entre 1640 – 1680 é marcado pelo ponto mais baixo da crise comercial que se vinha avolumando desde o final do século XVI, com a desorganização da economia colonial e uma acentuada queda nos preços do açúcar, que sofre uma baixa de 33% entre 1650 e 1670 e de 41,6% entre 1670 e 1680, (...). O auge da crise situou-se em 1670, aproximadamente, quando os holandeses, como também ingleses e franceses, começam a montar engenhos de açúcar nas Antilhas, principalmente em São Domingos (Haiti) e Barbados.”

“De qualquer forma, o período das lutas pela Restauração da Coroa Portuguesa dar-se-ia em plena fase de depressão, dificultando a ação de Dom João IV e seus sucessores, Dom Afonso VI (1656 – 1683) e Dom Pedro II (1683 – 1706).

Estes monarcas só seriam obrigados, após um breve ensaio de aliança com a França, a uma política de estreita ligação com a Inglaterra, assinando tratados em 1642, 1654 (ajudando Portugal a reaver suas colônias brasileiras), 1661, 1669 e 1703. Todos estes tratados estabeleceram os termos de troca entre Portugal e a Inglaterra, onde o primeiro enviava vinho e produtos coloniais, e no século XVIII ouro, em troca de manufaturados ingleses.”

“A partir de 1640, quando se dá a Restauração, surge uma ampla discussão sobre o funcionamento, estrutura e extensão dos órgãos do governo. Dom João IV, senhor da mais importante casa ducal do Reino, esforça-se por criar mecanismos ágeis e competentes na administração. São criados, assim, o Conselho de Guerra, em 1640; o Conselho Ultramarino, 1642, e o Conselho ou Junta dos Três Estados, ainda em 1641.”

“O principal foro de elaboração e execução da política colonial passou a ser o Conselho Ultramarino, que ainda fazia as vezes de tribunal de alçada superior para dirimir conflitos na Colônia.”

“(...) o Conselho Ultramarino exigia com insistência o plantio dos “cereais da terra”, milho, mandioca e feijão, e incentivava a vinda de colonos pobres que se aplicassem em prover, em ‘bastar’, o Brasil de alimentos, criando mesmo um excedente que sustentasse o abastecimento das colônias da África, do Santíssimo Sacramento (Uruguai), as naus da Índia, e que pudesse ser exportado para a Metrópole.”

“A falta de recursos do Reino, para restaurar plenamente o Brasil, e seu interesse em dar um novo curso à política colonial, leva El-Rei a criar, em 1649, a Companhia Geral do Comércio do Brasil, seguindo os moldes do mercantilismo holandês e inglês.

O grande interesse do rei é reunir os capitais dispersos liberando assim a Coroa, para a retomada dos esforços de fomento e defesa.

(...) Daí a idéia de uma Companhia de Comércio, detentora do estanco do fornecimento de vinhos, farinhas, azeite e bacalhau à Colônia, com o monopólio da comercialização dos produtos coloniais, e com a obrigação de manter uma frota e um sistema permanente de comboios, visando evitar a ação dos holandeses e espanhóis, (...)

Para atrair capitais era dada imunidade aos cristãos-novos, ou judeus, mesmo residentes em outras nações contra ‘... qualquer arresto, embargo, denunciação ou represália’ por parte da Inquisição.

Conseguiu-se levantar a quantia de 1,3 milhões de cruzados, armando-se o comboio de 70 a 90 navios, que ligavam o Rio de Janeiro, Salvador e Recife aos portos portugueses.

A experiência é estendida ao outro lado do Atlântico, criando-se companhias de comércio de escravos, e em 1684, no Estado do Maranhão, a Companhia Geral do maranhão, com o estanco de alimentos e escravos, o que provocaria uma das primeiras sublevações coloniais de importância.

Dom Pedro II, que substituiu o fraco Afonso VI, tomou inúmeras medidas concretas para revitalizar a periferia; (...) pretendia-se principalmente incentivar as ‘entradas’ e ‘bandeiras’, excursões em busca de metais preciosos e de apresamento de índios, mas também dar incentivo a novos gêneros, entre os quais o tabaco.”

“No projeto de reerguimento econômico do Império, de feição nitidamente colbertista, Dom Pedro II previa, além do fomento e controle da economia de tabaco, o acesso à prata através da Colônia do Sacramento, a exploração mineira e o incentivo a uma nova economia de especiarias (agora as ‘Drogas do Sertão’ da Amazônia), a auto-suficiência alimentar, destinando ao Brasil, (...) o papel de produzir grandes quantidades de alimentos.”

(SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. In: História Geral do Brasil, Editora Campus Ltda. 1990, p. 47 - 57)

“Tomé de Souza faz trazer gado bovino de Cabo Verde, distribuído aos colonos sob a forma de pagamento de soldos, o que incentiva enormemente a distribuição de terras, sob a forma de sesmarias, para formação de pastos.”

“Os principais pontos de irradiação para o interior foram: de São Vicente em direção aos campos de Curitiba; da Bahia, já desde os tempos de Tomé de Souza, penetrando, os currais, no Piauí, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, corrigindo os traços iniciais da ocupação portuguesa, por demais ligada ao litoral; outros grupos se embrenharam pelos sertões do São Francisco até atingir os rios Tocantins e Araguaia; de Pernambuco, partiu-se para a ocupação do Agreste e sertão, até o Piauí.”

(SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. In: História Geral do Brasil, Editora Campus Ltda. 1990, p. 34 r 58)

COLÉGIO PEDRO II - UNIDADE SÃO CRISTÓVÃO III

História - 2008 – 1ª Série do Ensino Médio – Turmas: 1105, 1107, 1109, 2108, 2110 e MA21

Prof. Albano Teixeira - Coord. Prof. Paulo Seabra

A ECONOMIA ESCRAVISTA: AS MÚLTIPLAS MODALIDADES DO TRABALHO ESCRAVO E AS FORMAS DE RESISTÊNCIA

“Numa colônia como o Brasil, a historiadora Kátia de Queirós Mattoso propõe distinguir cinco grandes situações econômico-sociais.

A agroindústria de exportação, onde as possibilidades de ascensão eram relativamente reduzidas para os escravos.

Nas minas constatava-se uma presença mais visível do Estado, o caráter temporário das concessões levando a necessidade de explorá-las com rapidez e portanto a existência de incentivos à produtividade. Isto abria maior possibilidade para a acumulação de um pecúlio pelo escravo, e por conseguinte, facilitava a obtenção da alforria.

No sertão do gado a situação era ainda diferente, com menor densidade de escravos, maior pobreza e rusticidade, uma hierarquia social mais frouxa.

Os escravos urbanos gozavam, pela força das coisas, de maior liberdade de movimentos, numa sociedade mais variada que a rural, tendo acesso a atividades de muitos tipos ( artesãos, carregadores, escravos de aluguel etc ), o que em circunstancias favoráveis facultava a acumulação de pecúlio e a compra da liberdade, além de as condições sociais urbanas abrirem maiores possibilidades aos libertos

Finalmente, os escravos domésticos eram até certo tempo privilegiados em comparação com os demais, em compensação, porém, estavam sob vigilância constante dos brancos, dos senhores: humildade, obediência e fidelidade poderiam abrir-lhes o caminho da alforria, mas qualquer infração os ameaçava com o envio para a roça, a venda para engenhos e minas.”

A RESISTÊNCIA NEGRA: AS FORMAS DE LUTA

Houve várias formas de luta e de resistência. Entre as formas individuais existiram os suicídios, os abortos, assassinatos de feitores, de capitães-do-mato e de senhores.

Entre as formas coletivas de luta contra a opressão as mais importantes foram os quilombos, em especial, o de Palmares e as revoltas armadas ocorridas em Minas no século XVIII e dos negros nagôs e hauçás na Bahia, no século XIX.

A primeira notícia de um quilombo remonta a 1575, na Bahia. Raros foram os quilombos que não foram perseguidos, cercados e destruídos. Os quilombos tanto podiam ser um pequeno conjunto de casebres, quanto organizações poderosas, como em Palmares, que chegou a ter vinte mil habitantes e uma eficiente força militar para defender-se.

“Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda, nem Ter engenho corrente. E do modo que se há com eles, depende tê-los bons ou maus para o serviço. Por isso, é necessário comprar cada ano algumas peças e reparti-las pelos partidos, roças, serrarias e barcas. E porque comumente são de nações diversas, e uns mais boçais que outros e de forças muito diferentes, se há de fazer a repartição com reparo e escolha, e não às cegas.

Uns chegam ao Brasil muito rudes e muito fechados e assim continuam por toda vida. Outros, em poucos anos saem ladinos e espertos, assim para aprenderem a doutrina cristã, como para buscarem modo de passar a vida e para se lhes encomendar um barco, para levarem recados e fazerem qualquer diligência das que costumam ordinariamente ocorrer. As mulheres usam de foice e enxada, como os homens; porém, nos matos, somente os escravos usam de machado. Dos ladinos, se faz escolha para caldeireiros, carapinas, calafates, tacheiros, barqueiros e marinheiros, porque estas ocupações querem maior advertência.”

(José Antônio ( Antonil ) Andreoni. In “cultura e Opulência do Brasil por suas Drogas e Minas”, 1711)

O QUILOMBO DOS PALMARES

“O mais famoso e duradouro quilombo do período colonial foi o de Palmares, localizado na serra da Barriga, no sul da capitania de Pernambuco. Admite-se que os primeiros fugitivos a se fixar ali tenham chegado por volta de 1605. Aos poucos, o número de quilombolas foi crescendo, principalmente durante as invasões holandesas a Pernambuco ( 1630-1654 ). Calcula-se que, por volta de 1670, os diversos aldeamentos que formavam Palmares abrigavam aproximadamente vinte mil pessoas, o que fazia desse quilombo um dos maiores núcleos de povoamento da colônia.

Enquanto existiu, e mesmo depois de sua destruição, Palmares foi um estímulo à luta dos escravos pela liberdade. Por isso, as autoridades da colônia lançaram contra ele diversas expedições militares. Em 1678, diante do sucesso das investidas, o governo de Pernambuco chegou a negociar uma trégua com o rei Ganga Zumba, principal líder dos quilombolas.

Insatisfeitos com o acordo, muitos negros se sublevaram, eliminando Ganga Zumba e colocando no poder seu sobrinho, um jovem líder guerrilheiro chamado Zumbi. Com a mudança, reacenderam-se as hostilidades entre Palmares e as autoridades portuguesas. Em 1692, forças comandadas pelo bandeirante paulista Domingos Jorge Velho lançaram-se contra o quilombo. Após muita resistência, Palmares foi destruído e seu líder, Zumbi, morto, em 20 de novembro de 1695.

Hoje, em homenagem a Zumbi, 20 de novembro é considerado o Dia Nacional da Consciência Negra, uma data especial, comemorada com denúncias, protestos e resistência pelos negros.”

Divalte Garcia Figueira,

In História: série novo ensino médio, 2002

“Há alguns anos se tem formado acima da Villa de Cachoeira um Quilombo de negros fugidos e ultimamente se forma outro ainda mais perigoso a 5 ou 6 léguas de distância desta cidade.”

Carta de José Venâncio de Seixas para D. Rodrigo de Sousa Coutinho, 1798

“A capoeira continua a enquadrar-se entre os principais elementos culturais do Brasil. Oriunda de angola e para ali levada com os escravos, esta luta estava associada a uma cerimônia mágico-religiosa, com denominações religiosas: ngolo em Benguela e baçula em Luanda.

A capoeira foi utilizada mais tarde, pelos escravos, como forma de luta para conquista e defesa da liberdade. No entanto, viria a sofrer um processo de aculturação comum a todo o folclore brasileiro, com introdução de elementos de culturas não africanas.

Ao longo do tempo, o caráter ritual da luta foi desaparecendo mas conservavam-se os refrães repetidos durante a prática, como Aruanda, Aruanda, que o mesmo é reclamar por Luanda, Luanda. A capoeira era inicialmente jogada no ambiente aberto das clareiras. Na passagem do século XIX para o XX difunde-se pelos centros urbanos de maior densidade negra: Salvador da Baía e Pernambuco... A capoeira é um misto de luta e música. Os golpes acompanham a vibração do berimbau, principal instrumento. Lutadores e instrumentistas formam um círculo... A um dos versos ( a senha ) dois lutadores que estão acocorados um diante do outro benzem-se, levantam-se e iniciam o jogo que se traduz essencialmente por saltos sobre as mãos e desferindo golpes com os pés. Existem hoje 3 modalidades de prática de capoeira: capoeira de Angola, regional baiana e capoeira estilizada.”

In “Seminário do Jornal de Angola” n.º 17, 1978


-------------------------------------------------------------------
Foi mal galera, desculpem o atraso, eu não tinha visto que a apostila estava já na caiza de e-mail. Desculpem mesmo. E eu sei que ficaria mais organizado, se eu colocasse o link pra vocês baixarem, e eu tentei, mas o blogger não me respeita. =/